Saúde mental

Saúde mental

30 de novembro de 2022 Professores 0

O início da adolescência é uma fase que coincide com a ocorrência de transtornos de ansiedade como pânico, ansiedade generalizada, e estresse pós traumático, mas esses sintomas já podem aparecer mais cedo na vida. Diferentemente, a adolescência marca uma fase de aparecimento de alterações do humor (como depressão).

EQUIPE ADOLE-SENDO

Quando algum desses transtornos ocorre pela primeira vez na segunda década de vida, seus efeitos são mais graves e persistentes.

A prevalência de transtornos mentais entre adolescentes já era altíssima no Brasil antes da pandemia: 38% em meninas, 21% em meninos entre 12 e 17 anos. Além disso, embora seja contra-intuitivo, adolescentes de mais alto nível socioeconômico reportam mais desses tipos de transtorno.

Há diferenças sexuais evidentes quanto à ocorrência de transtornos psiquiátricos. Problemas de comportamento na adolescência, como depressão, ansiedade social e transtornos alimentares, são mais comuns nas meninas, ao passo que comportamentos disruptivos (conduta desafiadora, hostil) são mais comuns nos meninos

Assim, o sexo do adolescente também é um importante fator a ser considerado e que reflete diferenças neuroendócrinas que são mais marcadas após o início da puberdade.

Meninas são especialmente suscetíveis, em parte devido a alterações hormonais cíclicas uma vez que passam a menstruar, bem como, potencialmente, pela ingestão de anticoncepcionais hormonais.

Nelas, sinais são depressão associada à ansiedade, fadiga e problemas de concentração. Meninos mostram mais sinais de perda da satisfação em realizar atividades (anedonia).

É importante ensinar as meninas sobre tensão pré-menstrual (TPM) para que possam aprender a manejar os sintomas de depressão e ansiedade que frequentemente aparecem antes da menstruação. Esses sintomas são altamente associados a comportamentos perigosos, como uso de drogas, automutilação e suicídio. Quanto antes houver intervenção, melhor.

Fala-se muito em queda da autoestima na adolescência. Porém, seria talvez mais acertado dizer que a autoestima oscila muito nessa idade. A notícia boa é que ela só tende a subir. Cai mesmo quando temos uns 90 anos.

É responsabilidade dos adultos proteger adolescentes. As emoções são mais fortes para eles, eles têm dificuldade de lidar com elas e são, afinal, inexperientes.

Muitas vezes não percebem que é provável que haja saída para seus problemas. Adultos podem ajudar, mas somente se forem considerados acessíveis, o que só é possível se tratarem os adolescentes com respeito e consideração.

É importante divulgar para jovens a existência do Centro de Valorização da Vida CVV[ , um serviço gratuito que provê apoio emocional e prevenção do suicídio. O atendimento é sigiloso, por telefone, e-mail e chat, 24 horas todos os dias. Adolescentes podem precisar falar com alguém “neutro”, que não conhecem. O importante é que conversem sobre seus problemas, preferencialmente com alguém que tem experiência.

Leia mais sobre:

Links interessantes aprovados pela equipe Adole-sendo

Referências bibliográficas

Andersen, S. L., & Teicher, M. H. (2008). Stress, sensitive periods and maturational events in adolescent depression. Trends in neurosciences31(4), 183-191. Doi: 10.1016/j.tins.2008.01.004

Herpertz-Dahlmann B., Bühren K., Remschmidt H. (2013) Growing up is hard: mental disorders in adolescence. Dtsch Arztebl Int. 110(25):432-9.

Orth, U., Erol, R. Y., & Luciano, E. C. (2018). Development of self-esteem from age 4 to 94 years: A meta-analysis of longitudinal studies. Psychological bulletin144(10), 1045.Doi:  10.3238/arztebl.2013.0432

Ribeiro, I. B. D. S., Correa, M. M., Oliveira, G., & Cade, N. V. (2020). Transtorno mental comum e condição socioeconômica em adolescentes do Erica. Revista de Saúde Pública54. Doi: 10.11606/S1518-8787.2020054001197 

Skovlund, C. W., Mørch, L. S., Kessing, L. V., & Lidegaard, Ø. (2016). Association of hormonal contraception with depression. JAMA psychiatry73(11), 1154-1162. Doi: 10.1016/j.dcn.2015.12.010

Thiengo, D. L., Cavalcante, M. T., & Lovisi, G. M. (2014). Prevalência de transtornos mentais entre crianças e adolescentes e fatores associados: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria63, 360-372. Doi: 10.1590/0047-2085000000046

Wang, X., Cai, Z. D., Jiang, W. T., Fang, Y. Y., Sun, W. X., & Wang, X. (2022). Systematic review and meta-analysis of the effects of exercise on depression in adolescents. Child and Adolescent Psychiatry and Mental Health16(1), 1-19.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *