Emoções intensas

Emoções intensas

22 de agosto de 2022 Pais 0

O início da adolescência é uma fase que coincide com a ocorrência de transtornos de ansiedade como pânico, ansiedade generalizada, e estresse pós traumático, mas esses sintomas já podem aparecer mais cedo na vida. Diferentemente, a adolescência marca uma fase de aparecimento de alterações do humor (como depressão).

Quando algum desses transtornos ocorre pela primeira vez na segunda década de vida, seus efeitos são mais graves e persistentes.

A prevalência de transtornos mentais entre adolescentes já era altíssima no Brasil antes da pandemia: 38% em meninas, 21% em meninos entre 12 e 17 anos. Além disso, embora seja contraintuitivo, adolescentes de mais alto nível socioeconômico reportam mais desses tipos de transtorno.

Há diferenças sexuais evidentes quanto à ocorrência de transtornos psiquiátricos. Problemas de comportamento na adolescência, como depressão, ansiedade social e transtornos alimentares, são mais comuns nas meninas, ao passo que comportamentos disruptivos (conduta desafiadora, hostil) são mais comuns nos meninos. Assim, o sexo do adolescente também é um importante fator a ser considerado e que reflete diferenças neuroendócrinas que são mais marcadas após o início da puberdade.

Meninas são especialmente suscetíveis, em parte devido a alterações hormonais cíclicas uma vez que passam a menstruar, bem como, potencialmente, pela ingestão de anticoncepcionais hormonais. Nelas, sinais são depressão associada à ansiedade, fadiga e problemas de concentração. Meninos mostram mais sinais de perda da satisfação em realizar atividades (anedonia).

É importante ensinar as meninas sobre tensão pré-menstrual (TPM) para que possam aprender a manejar os sintomas de depressão e ansiedade que frequentemente aparecem antes da menstruação. Esses sintomas são altamente associados a comportamentos perigosos, como uso de drogas, automutilação e suicídio. Quanto antes houver intervenção, melhor.

Fala-se muito em queda da autoestima na adolescência. Porém, seria talvez mais acertado dizer que a autoestima oscila muito nessa idade. A notícia boa é que ela só tende a subir. Cai mesmo quando temos uns 90 anos.

É responsabilidade dos adultos proteger adolescentes. As emoções são mais fortes para eles, eles têm dificuldade de lidar com elas e são, afinal, inexperientes. Muitas vezes não percebem que é provável que haja saída para seus problemas. Adultos podem ajudar, mas somente se forem considerados acessíveis, o que só é possível se tratarem os adolescentes com respeito e consideração.

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Referências bibliográficas

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