Perda de controle e impulsividade

Perda de controle e impulsividade

22 de agosto de 2022 Pais 0

Para reduzir comportamentos de risco é útil entender que existem diversos tipos dissociáveis de impulsividade, que variam entre indivíduos. Embora tendam a diminuir com a idade, cada tipo de impulsividade é associado a diferentes comportamentos de risco.

Alguns tipos diferenciáveis de impulsividades são:

1. urgência negativa: a tendência para experimentar fortes impulsos quando em condições de afeto negativo (ex. quando chateados, ofendidos)Na idade adulta, esse tipo de impulsividade é relacionado ao consumo excessivo de álcool, compulsão alimentar e comportamentos antissociais, como agressividade;

2. urgência positiva: a tendência de experimentar fortes impulsos quando se está feliz. Esse tipo de impulsividade é relacionado, por exemplo, a fazer besteiras quando em grupo de amigos e é bastante comum na adolescência, pois a influência dos colegas é grande nessa idade;

3. falta de premeditação: a tendência de agir sem refletir sobre as consequências de nossas ações, o que é relacionado a problemas acadêmicos e de trabalho na vida adulta;

4. falta de perseverança: dificuldade de permanecer focado em tarefas difíceis ou entediantes, também relacionada a problemas acadêmicos e procrastinação; e

5. busca de sensações: a tendência de buscar experiências novas e emocionantes, que é bem marcada na fase da adolescência.

Em vista disso, adultos podem auxiliar jovens a detectar qual é o tipo de impulsividade que os deixam mais fragilizados. Isso permite que aprendam mais rapidamente a identificar situações que os colocam em risco.

Sugira que respondam a esse questionário sobre impulsividade, que também fornece dicas para evitar certos comportamentos impulsivos.

Esse questionário serve também para adultos se você quiser se entender melhor.

Por exemplo, ao perceber que se perde o controle quando se está chateado (urgência negativa: ex. machucar pessoas física ou psicologicamente), é possível traçar estratégias para reduzir esses comportamentos, como sair de cena ao invés de dar vasão a emoções naquele instante.

Uma queixa comum de adolescentes é falar coisas que não deviam ser ditas.

Encontramos também muitas queixas de perda de controle alimentar.

Estratégias para evitar isso são, por exemplo, evitar ter doces em casa, evitar entrar em lojas que vendem doces, e, se isso não for possível,  até não olhar para doces, pois é muito mais difícil evitar coisas tentadoras que estão a nosso alcance…

Em casa, é possível também colocar doces em locais de difícil acesso, como num armário que exige uma cadeira ou escalda para que sejam alcançados. Nesse caso, há a oportunidade de mudar de ideia enquanto se está no processo de buscar essas comidas.

Com o tempo e desenvolvimento das regiões frontais, esses adolescentes conseguirão controlar melhor suas emoções e vontades e tenderão a estar menos propensos a esse tipo de comportamento negativo.

Em outras palavras, para ter um desenvolvimento adequado, devem repetidamente exercitar essas habilidades enquanto seu cérebro matura.

Até lá, adultos podem e devem funcionar como os lobos frontais dos adolescentes, repetindo orientações, “pegando no pé” e guiando os jovens até que eles sejam capazes de fazer isso por conta própria.

Isso também se aplica às questões relacionadas a planejamento, organização e foco.

Paciência é requerida. Que bom que pais têm lobos frontais maduros!

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Referências bibliográficas

Duckworth, A. L., Gendler, T. S., & Gross, J. J. (2016). Situational strategies for self-control. Perspectives on Psychological Science11(1), 35-55. doi:10.1177/1745691615623247.

Pompeia, S., Inacio, L. M., De Freitas, R. S., Zanini, G. V., Malloy-Diniz, L., & Cogo-Moreira, H. (2018). Psychometric properties of a short version of the impulsiveness questionnaire UPPS-P in a Brazilian adult sample: invariance for effects of age, sex and socioeconomic status and subscales viability. Frontiers in Psychology9, 1059.

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