Porque ter um olhar especial para a adolescência

Porque ter um olhar especial para a adolescência

19 de abril de 2022 Professores 0

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a adolescência como sendo a fase da vida entre os 10 e 20 anos.

As neurociências vêm demonstrando que experiências nessa idade influenciam não só em habilidades acadêmicas, mas também em habilidades sociais, assim como na saúde física e mental. Ignorar esses fatos pode potencialmente levar a graves consequências no decorrer da vida desses jovens.

Isso ocorre porque as experiências de vida durante essa fase de amadurecimento cerebral costumam deixar marcas que ficam para sempre.

Esse amadurecimento cerebral tem a ver com as experiências vivenciadas à medida que os anos passam e também, em parte, decorrem de alterações fisiológicas relacionadas à puberdade.

DOIS ASPECTOS dos alunos devem ser levados em consideração (veja Pompeia, 2020):

1 . sua idade cronológica (quanto maior, mais experiências terão tido)

2. seu estágio de maturação sexual, isto é, o seu estágio de desenvolvimento puberal, que reflete um amadurecimento fisiológico.

Ambos esses aspectos influenciam o amadurecimento cerebral. Certas estruturas e sistemas do cérebro durante a adolescência maturam rápido. Outras, maturam bem mais lentamente, como é o caso de áreas pré-frontais do cérebro, que ficam atrás da testa. Essas regiões são responsáveis pela autorregulação do comportamento.

Esse tipo de autorregulação envolve não apenas habilidades que são predominantemente explorados em contextos escolares como planejamento, organização, capacidade de focar e ter um raciocínio lógico. A autorregulação comportamental envolve também habilidades como controle de emoções e impulsos, competências sociais, como identificação de expressões faciais, capacidade de avaliar as consequências tardias ou riscos de nossas ações, entre outras.

EQUIPE ADOLE-SENDO

Todas essas habilidades, em conjunto, são essenciais para um adequado desempenho na escola e comportamento social. Além disso, uma autorregulação comportamental inadequada nessa faixa etária está associada a uma pior saúde física e mental, um nível socioeconômico mais baixo, menor sucesso profissional, criminalidade, dependência a substâncias químicas, entre outras características pessoais e sociais negativas na idade adulta.

Esta associação é simples de entender. Vamos dar alguns exemplos.

Sem uma boa habilidade de regular nossos próprios comportamentos é difícil manter uma atividade física consistente e inibir a vontade de usar substâncias e comer demais.

Isto tem impacto na saúde física. Sem uma boa autorregulação do comportamento é também difícil organizar os trabalhos, manter horários e prazos e focar em tarefas difíceis e entediantes.

Todas essas habilidades são essenciais para ter bons resultados na escola e para manter um emprego, por exemplo.

Além disso, dificuldades de regular emoções podem levar a pouco sucesso em não desrespeitar figuras de autoridade, como professores ou patrões, o que pode ter consequências negativas, como repetir de ano e ser despedido.

Portanto, para maximizar as oportunidades para que adolescentes se tornem adultos plenamente funcionais, várias particularidades cognitivas e comportamentais dessa idade devem ser consideradas em conjunto.

Em outras palavras, não basta que professores só forneçam um bom ensino.

Para auxiliar no desenvolvimento pleno de adolescentes e fornecer-lhes as melhores oportunidades de vida possíveis, é recomendável que entendam um pouco sobre o amadurecimento cerebral, de que forma isso está associado ao desenvolvimento de relações sociais, comportamentos e cognição.

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Livro sobre o Desenvolvimento do Adolescente traduzido pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria

Referências bibliográficas

Moffitt, T. E., Arseneault, L., Belsky, D., Dickson, N., Hancox, R. J., Harrington, H., … & Sears, M. R. (2011). A gradient of childhood self-control predicts health, wealth, and public safety. Proceedings of the National Academy of Sciences108(7), 2693-2698. Doi: /10.1073/pnas.1010076108

Orben, A., Tomova, L., & Blakemore, S. J. (2020). The effects of social deprivation on adolescent development and mental health. The Lancet Child & Adolescent Health4(8), 634-640. Doi: 10.1016/S2352-4642(20)30186-3

Pompeia, S. (2020). Ensinando adolescentes. Em: Neuropsicologia escolar. Ed. Fonseca, RP, Seabra,  AG, Miranda, MC. Editora Pearson. Pg. 954. ISBN: 9786558930075

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