Uso de mídias
É natural que os jovens de hoje se interessem por mídias sociais, que são a forma atual de entretenimento e comunicação. Contudo, a falta de controle de adultos sobre o que acontece no mundo virtual é causa de conflito entre gerações, sem falar do tempo perdido com atividades online em detrimento de atividades escolares e interações sociais cara a cara.
Muitos estudos têm sido feitos sobre o assunto nos últimos anos. A maior parte das pesquisas mostra uma relação entre uso de mídias e depressão e ansiedade. Além disso, essas associações dependem de vários fatores, como se os adolescentes são do sexo masculino ou feminino (mais comum em garotas), quanto tempo passam usando mídias sociais, o tipo de mídia empregada e o tipo de atividade realizada online.
Todavia, o que em geral não se discute é que não está ainda claro se essas relações são causais. Por exemplo, ao que parece, jovens que já estão mais deprimidos e ansiosos tendem a usar mais mídias sociais.
Uma possível explicação para isso é que atividades que envolvem interações pessoais fora da rede são difíceis de encarar para alguns adolescentes tímidos, ansiosos e/ou deprimidos, o que os leva a interagir mais online. Isso poderia justificar a associação desses sintomas com uso de mídias e não vice-versa.
Por outro lado, há evidências que receber apoio online pode reduzir sintomas de depressão. Enfim, ainda não há evidências suficientes de que o uso de mídias cause problemas de saúde mental. Cada caso deve ser avaliado em suas particularidades.
Agora, ver TV e jogar vídeo game por muitas horas seguidas parecem ser causas de pior desempenho acadêmico na adolescência. Mídias que supervalorizam aparência física são as mais prejudiciais no que tange problemas de autoestima.
Não há, contudo, evidências claras sobre a relação entre desempenho na escola e frequência de uso de computador, internet e telefone celular.
Existe, contudo, um outro fator que deve ser levado em consideração: o uso de mídias à noite pode atrapalhar o sono e falta de sono induz aumento de sintomas depressivos, impulsividade e reduz atenção!
A redução de sono nesse caso é devida à estimulação gerada por jogos, programa e/ou pela intensa comunicação no caso de celulares, bem como pela luz de aparelhos eletrônicos, que reduz a produção do hormônio regulador do ritmo de vigília e sono, a melatonina.
Por fim, há a questão do bullying ou de possíveis questões que esse uso excessivo possam trazer, prejudiciais aos adolescentes. Quando não acompanhadas de perto, podem trazer problemas graves para as pessoas envolvidas, a escola, e as famílias…
Adolescentes de hoje têm sonolência diurna excessiva porque não estão tendo a quantidade de sono adequada devido à falta de reconhecimento de que eles têm um padrão de sono bastante peculiar, que difere daquele de crianças e de adultos.
Se quiser trabalhar esse tema em sala de aula, com a ajuda dos quadrinhos, veja essas tirinhas da “Turma da Jovenilda”. Elas podem ser uma boa ferramenta para puxar esse assunto e começar uma conversa ou um debate!
* Sensação de impunidade da internet
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Referências bibliográficas
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Touitou, Y., Touitou, D., & Reinberg, A. (2016). Disruption of adolescents’ circadian clock: The vicious circle of media use, exposure to light at night, sleep loss and risk behaviors. Journal of Physiology-Paris, 110(4), 467-479.
Vidal, C., Lhaksampa, T., Miller, L., & Platt, R. (2020). Social media use and depression in adolescents: a scoping review. International Review of Psychiatry, 32(3), 235-253. Touitou, Y., Touitou, D., & Reinberg, A. (2016). Disruption of adolescents’ circadian clock: The vicious circle of media use, exposure to light at night, sleep loss and risk behaviors. Journal of Physiology-Paris, 110(4), 467-479.