Importância da autonomia
Será mesmo que ter autonomia faz adolescentes se arriscarem mais?
Já que a imaturidade cerebral de adolescentes pode deixá-los mais propensos a se arriscar, a tendência dos pais é limitar as chances deles se arriscarem. É natural. Contudo, a idade em que as pessoas de fatos se arriscam mais é o começo da idade adulta. Isso ocorre pelo simples fato de que eles têm mais oportunidades de fazê-lo…
Então… como se educa para reduzir a tomada de riscos?!
A resposta é: deixando adolescentes aprender como evitar dificuldades e tentações de forma gradual. Isso é, aumentando sua autonomia.
Pois então, tanto em casa como em ambiente escolar, a autonomia deve ser aumentada aos poucos, de acordo com o nível de maturação/idade. Isso deve ser feito com o apoio de adultos para que resulte em um desenvolvimento pessoal adequado.
Todo mundo precisa ajudar nessa empreitada: os pais, “liberando” e os adolescentes, aprendendo a ser responsáveis por sigo próprios.
Claro, isso é difícil de dosar. Tanto os pais vão errar, hora restringindo, hora e liberando demais, como os filhos vão errar, sendo responsáveis de menos ou demais. Mas ambos pais e adolescentes vão aprendendo com isso. Não tem receita pronta. Depende da família, da idade do adolescente e de suas características pessoais e ambientais.
Que autonomia seria essa?
Pode incluir ficar responsável por seus pertences em determinadas situações, decidir quando fazer a lição de casa e quando estudar para a prova, ser responsável por determinadas tarefas em casa, cuidar de seu próprio dinheiro. Enfim, tudo que precisamos fazer quando ficamos adultos. Pode parecer absurdo para alguns pais deixar isso a cargo dos adolescentes. Para outros, pode parecer absurdo não os deixar responsáveis por essas coisas simples…
Então como saber o que a maior parte dos pais fazem e em que idade o fazem?
Estudos que acompanham famílias de várias culturas por muitos anos verificam que a idade a partir da qual começa a ocorrer a redução de regras impostas pelos pais é cerca dos 12 anos.
O aumento gradual da autonomia a partir dessa idade está relacionado a um melhor desempenho acadêmico e a um aumento das oportunidades de aprender a autorregular seus comportamentos. Isso parece ser o ideal!
É recomendável que, antes disso, sejam negociadas (clara e explicitamente) com os adolescentes quais serão as consequências se forem irresponsáveis, quebrarem regras e/ou se meterem em encrencas.
Idealmente, as consequências devem ser determinadas pelos próprios adolescentes e serem construtivas, como ajudar em afazeres domésticos, prestar auxílio aos irmãos menores ou colegas; ou seja, fazer algo construtivo, que possa melhorar a autoestima, e não punições como retirada de direitos.
Lembre que essas regras também têm que ser atualizadas de tanto em tanto tempo.
Afinal, os desafios vão mudando à medida que crescemos.
Leia mais sobre:
- Consequências das relações entre pais e filhos
- Falta de respeito de adolescentes com outras pessoas
- Influência de amigos
- Os 5 Cs
Referências bibliográficas
Lansford, J. E., Rothenberg, W. A., Riley, J., Uribe Tirado, L. M., Yotanyamaneewong, S., Alampay, L. P., … & Steinberg, L. (2021). Longitudinal trajectories of four domains of parenting in relation to adolescent age and puberty in nine countries. Child development, 92(4), e493-e512.
Li, J. B., Willems, Y. E., Stok, F. M., Deković, M., Bartels, M., & Finkenauer, C. (2019). Parenting and self-control across early to late adolescence: A three-level meta-analysis. Perspectives on Psychological Science, 14(6), 967-1005. Doi: 10.1177/1745691619863046
Meeus, W. (2016). Adolescent psychosocial development: A review of longitudinal models and research. Developmental Psychology, 52(12), 1969. Doi: 10.1037/dev0000243
Romer, D., Reyna, V. F., & Satterthwaite, T. D. (2017). Beyond stereotypes of adolescent risk taking: Placing the adolescent brain in developmental context. Developmental cognitive neuroscience, 27, 19-34.
Veja também esse site (em inglês, contudo): http://parentingacrosscultures.org/