#CiênciaEmREDE: Você sabe como funciona uma grande pesquisa?
Por Cristiane Paião e Sabine Pompeia
Um pesquisador, sozinho, não pode entender de tudo…
Você já parou para pensar que as pesquisas científicas são trabalhos realizados, na maior parte das vezes, em “imensas” equipes? E que, geralmente, demoram anos, décadas, para ficarem prontas? É, a ciência tem um tempo diferente. Por aqui, quase nada é rápido, e isso tem um motivo!
Afinal, precisamos revisar tudo o que fazemos. Além disso, várias cabeças juntas, pensam muito melhor do que uma só, sozinha… e é justamente essa #REDE que permite aos cientistas interpretarem MUITO MELHOR grandes conjuntos de informações!
E é isso que você vai ver aqui, nos nossos VÍDEOS DO YOUTUBE.
Nós queremos te mostrar como funciona um grande projeto de pesquisa, que só pode ser realizado com muito esforço e dedicação de cada um dos seus membros…
Como poucos adolescentes têm a oportunidade de conhecer, de perto, como se “faz ciência”, nós queremos te contar como o nosso projeto foi idealizado, quais eram as nossas PERGUNTAS, e te explicar os principais resultados que encontramos até aqui.
O nosso grupo estuda as bases biológicas do comportamento, em especial, os processos de cognição de adolescentes e adultos saudáveis. Todos os nossos trabalhos fizeram parte das atividades do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foram financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com apoio de outras agências financiadoras como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP).
Assim, a professora Sabine Pompeia, cientista, mãe da Elena e do Leon (entenda melhor como surgiu a ideia do nosso projeto de pesquisa aqui), pediu ajuda para vários cientistas para criar o nosso grupo…
E, como você vai ver, cada um, recebeu uma tarefa!
Esse pessoal que ela procurou era especialista em vários assuntos diferentes que têm a ver com a adolescência como: a capacidade de prestar atenção e aprender, mudanças no cérebro e nas substâncias corporais associadas a crescimento e estresse, os efeitos da atividade física, como somos influenciados por nosso ambiente familiar e social, etc.
E ela também buscou especialistas em matemática (estatística), para ajudar na interpretação de todas as informações que iam ser levantadas.
Conheça aqui nestes vídeos os CIENTISTAS QUE MAIS ATUARAM nas nossas pesquisas, e o que eles descobriram de mais legal até agora no Projeto Adole-sendo:
Por que estudar a adolescência?
No primeiro vídeo, a Dra. Sabine Pompeia, coordenadora do Projeto Adole-sendo, explica a importância das nossas descobertas. Ela resume o que vai encontrar nesse “pacote” de 18 vídeos que preparamos, contando um pouco do que cada uma das nossas pesquisas trouxe de mais legal para ajudar a mudar as opiniões, os conceitos que a gente tinha sobre a adolescência até algumas décadas… é por este vídeo que você vai começar a entender a nossa #REDE!
E por que entender as diferentes fases da puberdade?
Você também vai conhecer a Dra. Mônica Carolina de Miranda, pesquisadora principal do Adole-sendo.
Ela vai contar um pouco da parte clínica da pesquisa, ou seja, de como percebeu o impacto da pandemia nas falas dos pacientes que a procuravam no consultório de psicologia. E vai mostrar como a adolescência, assim como a infância, é muito importante para todos nós, por isso precisamos entender melhor como ela funciona e quebrar inúmeros preconceitos que ainda temos sobre essa fase da vida…
A matemática na ciência
Lá da Noruega, a gente conversa com o Dr. Hugo Cogo Moreira, também pesquisador principal do Adole-sendo. Ele atua em uma área chamada PSICOMETRIA e ajudou a analisar estatisticamente os dados que nós coletamos.
O que os cientistas fazem com os dados?
Pesquisas científicas produzem muitos resultados diferentes. Um deles é responder perguntas. Nessa pesquisa, as perguntas tinham a ver com a relação entre mudanças no corpo de adolescentes associadas a mudanças de seus comportamentos.
Nessa pesquisa da nossa história, uns 20 aprendizes (pós-graduandos) estiveram envolvidos. Eles trabalharam junto com os pesquisadores e tiveram ajuda de técnicos (funcionários de várias universidades públicas, principalmente a Unifesp).
Em geral, quem mais coleta e analisa dados, com ajuda de pesquisadores experientes, são aprendizes de cientistas.
Para fazer esse trabalho, eles recebem dinheiro na forma de bolsas de estudo. Essas bolsas também vêm de impostos.
Desmistificando a adolescência
Neste vídeo, você vai conhecer o Thiago França, biólogo/ pós-doutorando em psicobiologia que ajudou na nossa ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA. Que é, basicamente, coletar e organizar todas as informações que vinham de leituras de outros autores, outros pesquisadores que também estudam sobre a adolescência, e que poderiam nos ajudar a pensar sobre as nossas próprias pesquisas. Essa é uma parte muito importante para todos nós!
Como se obtém informações científicas?
Já aqui, a Beatriz Zappellini e a Luanna Inácio, biomédicas, nossas “bolsistas técnicas”, vão contar como foi a COLETA DE DADOS! Isso deu bastante trabalho hein… e é legal saber como foi, porque, assim como no caso da “tarefa” do Thiago, a tarefa delas também essencial para todos os outros pesquisadores do grupo. Foram elas, principalmente, que foram na maior parte das escolas para coletar as informações com os estudantes e os seus familiares. Isso ajudou a montar todas as outras peças do nosso “grande quebra-cabeças”…
Agora, veja nestes vídeos algumas das coisas que descobrimos até aqui:
Adolescentes têm garra, afinal?
Daniel Utsumi – neuro-psicólogo/ doutorando em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: criar jogo de computador gratuito para entender quanto adolescentes estão dispostos a esperar para ganhar coisas
Resultado: com o passar dos anos, esperaram mais para receber mais dinheiro, especialmente entre 15 e 17 anos
Tô triste e irritada, mas por quê?
Robson Kojima – psicólogo/ mestre em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: entender se condições socioeconômicas e puberdade têm a ver com sintomas de depressão/ ansiedade e comportamentos antissociais na adolescência
Resultado: meninas têm maior tendência a ter esses sintomas quando entram na puberdade, independentemente da idade ou realidade socioeconômica
Ainda não estou com sono, não!
Sareh Panjeh – psicóloga/ doutora em psiquiatria
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: analisar padrões de sono na adolescência e vários tipos de comportamentos impulsivos
Resultado: adolescentes que dormem tarde têm mais chances de perderem o controle, mas apenas quando estão chateados
Conta aí, vai?
Breno Pedroni – biólogo/ mestre em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: analisar se o jeito que adolescentes contam histórias oralmente melhora com o passar do tempo
Resultado: usam palavras mais difíceis, frases mais longas e melhor relacionadas entre si, em geral independentemente do nível socioeconômico
Minha casa é um caos, e daí?
Marília Espíndola – psicóloga/ doutoranda em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: adaptar escala que mede como “caos” no meio ambiente afeta desenvolvimento na adolescência
Resultado: maior nível de caos no ambiente familiar se associa a maior estresse e mais comportamentos antissociais, independentemente do nível socioeconômico das famílias
Tô de cabelo em pé!
Fausto Lourenço – psicólogo e engenheiro elétrico/ doutorando em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: estudar formas de medir efeitos do estresse prolongado em adolescentes
Resultado: quanto maior a sensação de estresse e dificuldades socioeconômicas das famílias, maior a quantidade do hormônio do estresse (cortisol) em fios de cabelo de adolescentes
O chocolate kisses da Hershey’s e a adolescência
Rafaella de Freitas – bióloga/ mestre em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: estudar o papel da produção de uma substância chamada kisspeptina (mensurada em amostras de urina), que é considerada um desencadeador da puberdade
Resultado: kisspeptina aumenta bastante nos meninos ao longo da adolescência, mas praticamente não muda nas meninas
Preste atenção!
Gislaine de A. V. Zanini – psicóloga/ doutora em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: criar testes gratuitos adaptados para a realidade brasileira de vários tipos de atenção controlada/executiva (Bateria de testes FREE)
Resultado: é possível medir a melhora da atenção controlada conforme a idade, e isso foi minimamente afetado pelo nível socioeconômico
Atenção x توجه (atenção em persa)
Isis A. Segura – psicóloga/ doutoranda em psicobiologia
RAIO-X DA PESQUISA
Objetivo: avaliar se testes de atenção controlada desenvolvidos pelo Adole-sendo podem ser aplicados online e se funcionam em diferentes culturas
Resultado: testes funcionam em avaliação on-line e também servem para outras culturas
O nome científico do nosso projeto é “Efeito do desenvolvimento puberal na autorregulação do comportamento e suas relações com as condições de vida atual e pregressa”. Você pode encontrar todas as informações sobre ele na internet com o número do processo FAPESP 2016/14750-0.
MAS… O QUE SÃO DADOS?
Pesquisas envolvem interpretar informações. Os cientistas chamam essas informações de ‘dados’. No caso dessa pesquisa, os dados foram informações sobre os comportamentos e o funcionamento do corpo dos adolescentes. Para obter esses dados, os pesquisadores procuraram famílias voluntárias com a ajuda de escolas parceiras.
Mais de 300 famílias aceitaram dar informações aos cientistas. Ao longo da pesquisa, os dados de cada família foram sendo juntados para que, no final, os pesquisadores fizessem uma interpretação do que as informações coletadas significavam, baseados em análises estatísticas dos dados.
Os adolescentes voluntários fizeram vários testes de memória e atenção. Responderam também questionários sobre como se sentiam em diferentes situações, como se relacionavam com outras pessoas e coisas assim. Contaram também histórias para que fosse avaliado como usavam a nossa língua, a língua portuguesa, à medida que se desenvolviam.
Os adolescentes voluntários também foram pesados e medidos, tiram a pressão arterial e deram amostras de cabelo e “líquidos corporais”: cuspe, gotas de sangue e xixi. Nesse material os pesquisadores puderam medir coisas causadas no corpo pela puberdade. Por exemplo, a puberdade muda a quantidade de hormônios, açúcar no sangue e colesterol para permitir o crescimento.
Os pais também ajudaram contando para os pesquisadores mais coisas sobre o comportamento de seus filhos, sobre sua saúde e as condições de vida de cada família.
Aproveitamos para agradecer todos os brasileiros que, ao pagar impostos, foram os financiadores da nossa pesquisa. Também agradecemos imensamente as famílias de voluntários e as escolas parceiras que ajudaram a tornar a pesquisa possível.
Para saber mais sobre as nossas pesquisas, acompanhe as nossas redes sociais:
A divulgação científica destes trabalhos é apoiada pela FAPESP através do Programa José Reis de Incentivo ao Jornalismo Científico, o Mídia Ciência.
A jornalista Cristiane Paião desenvolveu o projeto “Adolescência e puberdade em pauta: divulgação jornalística das pesquisas realizadas no Projeto Temático “Efeito do desenvolvimento puberal na autorregulação do comportamento e suas relações com as condições de vida atual e pregressa”, sob a orientação da professora Sabine Pompeia.
EQUIPE ADOLE-SENDO