5 dicas para se tornar um(a) bom(a) jornalista científico(a)

5 dicas para se tornar um(a) bom(a) jornalista científico(a)

31 de março de 2023 Material de Divulgação 0

Por Cristiane Paião e Sabine Pompeia

Cobrir ciência, isto é, fazer reportagens sobre ciência, não é nada fácil…

Jornalistas, afinal, não são cientístas, então como é que eles podem escrever sobre ciência?

E os cientistas, às vezes, usam uma linguagem muito complicada e que é difícil de entender

Por isso, surgiu um ramo específico dentro do jornalismo que precisou de vários ajustes para se desenvolver: o jornalismo científico.

O principal objetivo desta profissão é divulgar os resultados das pesquisas científicas para pessoas que não são cientistas.

Mas não basta so “divulgar por divulgar”…

Assim como no jornalismo “tradicional”, é preciso APURAR, INVESTIGAR e CONTRAPOR diferentes ideias e conclusões/ opiniões.

Se você é curioso, gosta de estudar e se comunicar, essa profissão pode ser para você!

Veja esse vídeo com uma jornalista científica que ajudou a divulgar o Projeto Adole-sendo.

Se você gosta dessa área, e quer saber mais, a gente tem algumas DICAS PARA ARRASAR DE COMO COBRIR CIÊNCIA!!!

DICA 1 – Leia tudo, sobre tudo! No jornalismo científico, assim como no jornalismo “normal”, quanto mais você souber de tudo, melhor. Num dia, você vai falar sobre saneamento básico. No outro, sobre ratos e cérebros e, no dia seguinte, vai receber uma pauta sobre satélites da NASA. Ou até vai ter que falar de adolescência!

DICA 2 – Estude inglês com bastante dedicação, porque o seu nível vai ter que ser avançado. Isso vem só com o tempo, claro, com a prática. Você vai precisar, porque vai ter muita leitura sobre pesquisas feitas em outros países.

DICA 3 – Faça uma boa rede de fontes (cientistas que você pode consultar). Parece fácil né? Não é, mas com o tempo você vai aprender a manter boas relações com os cientistas, pesquisadores, e com as “redes” de conhecidos deles(as): seus professores, colaboradores e até seus alunos, que um dia vão virar cientistas experientes.

Todos eles podem ajudar você a entender resultados de pesquisas em várias áreas e até lhe contatar para que você divulgue as pesquisas deles.

*** OLHA LÁ HEIN…

Isso aqui é super importante: O TEMPO DA CIÊNCIA É DIFERENTE DO TEMPO DO JORNALISMO!

Cientistas levam anos, décadas para entender coisas.

Jornalistas, ao contrário, precisam ser extremamente rápidos…

Por esse motivo, no dia a dia da redação, usam técnicas para extrair o que é objetivo de cada pesquisa e qual foi o resultado principal.

Desta forma, é possível deixar os conhecimentos pesquisados mais claros para os leitores, que não entendem nada sobre aquele assunto…

Nesse processo, problemas e “ruídos” são muito comuns porque jornalistas e cientistas não têm os mesmos conhecimentos nem usam a mesma linguagem. Por isso, vamos à outras dicas.

DICA 4 – Respeite o espaço um do outro! Jornalistas não são “deuses sobre o texto”, nem os cientistas são “deuses sobre a pesquisa”. É preciso encontrar um meio termo, porque o mais importante é EXPLICAR PARA AS PESSOAS O QUE FOI DESCOBERTO e qual o impacto disso para a sociedade (mesmo que o impacto seja apenas a longo prazo). Cada um tem seu “orgulho” quando escreve alguma coisa importante, mas é preciso ter parceria!

Por fim…

DICA 5 – Busque estar sempre atualizado sobre os avanços no jornalismo científico!

Primeiro você precisa fazer uma graduação, preferencialmente em jornalismo.

Depois, pode fazer cursos de pós-graduação nesta área.

Dois dos principais aqui no Brasil são os do Labjor, da Unicamp, e o da Fiocruz.

Saiba mais visitando os sites destas instituições.

Existem outros também fora do Brasil. Você pode até conseguir uma bolsa de estudos!

Sonhe alto! Se houver dedicação, você pode ir longe.


Mas afinal, o que os pesquisadores descobriram no Adole-sendo?

A parte mais legal de acompanhar de perto um projeto de pesquisa como esse, realmente integrado, que funciona como um “grande quebra-cabeças”, é ver como cada uma das pesquisas respondeu uma pergunta que, lá na frente, pode ajudar a ter “uma grande resposta”…

Você já ouviu a frase “a ciência é feita por pares”? – Pares nesse caso significa outros cientistas.-

Isso acontece porque ao longo do tempo as descobertas vão sendo revistas, debatidas, e cada um vai contribuindo um pouquinho a mais para gerar novos conhecimentos sobre algum assunto.

É isso que você pode entender aqui, navegando pelo nosso portal!

Nós fizemos vários VÍDEOS NO YOUTUBE para que você pudesse entender melhor os nossos resultados.

Olha só:

1 – na adolescência, dormir tarde está associado a ter mais dificuldade de controlar o que fazemos quando estamos chateados.

2 – para muitos adolescentes o horário de acordar e ir dormir está muito bagunçado e isso tem relação com uma tendência a ficar mais gordinho; além disso, estão fazendo atividade física de menos, e isso está associado a problemas de saúde no futuro.

3 – garotas ficam mais suscetíveis a ter mais tristeza e irritação quando entram na puberdade, mas isso não acontece com os garotos.

4 – o estágio da puberdade está mais associado à idade com a melhora de algumas habilidades, como saber o significado de mais palavras e conseguir fazer alguns tipos de raciocínio.

5 – à medida que os adolescentes ficam mais velhos, se expressam melhor oralmente: usam palavras e frases mais complexas e interligam as ideias de forma mais eficiente.

6 – dá para medir o estresse dos adolescentes analisando um hormônio em fios de cabelo.

7 – e, uma coisa bem importante: mostramos que existe muito preconceito sobre adolescentes; eles não se arriscam tanto quanto as pessoas imaginam e são muito bons em esperar para obter o que querem!

Deu bastante trabalho para editar esses vídeos, mas o resultado ficou muito legal!


A PARCERIA COM O “IMPRENSA JOVEM”

Nossas “mini oficinas” de Jornalismo Científico com os estudantes que criaram a Turma da Jovenilda geraram um vídeo que pode ver clicando aqui.

Outra coisa de que nos orgulhamos muito é a nossa troca com os adolescentes que participaram da pesquisa durante todo esse processo, especialmente com os que fizeram parte do projeto Imprensa Jovem da Prefeitura de São Paulo na EMEF Joaquim Osório Duque Estrada, onde produzimos juntos alguns quadrinhos da Turma da Jovenilda.

Nem todos os alunos conseguiram participar, mas alguns atuaram bastante na produção do nosso material institucional, informalmente, por meio do nosso grupo do aplicativo de mensagens “whatsapp”.

Assim foi composto o que chamamos de uma espécie de “Conselho para assuntos Jovens” já que, praticamente todos os dias, precisávamos de dicas e sugestões para que nossas publicações pudessem ficar um pouquinho mais perto da “linguagem” deles…

Nós também discutimos neste grupo roteiros para a produção de 3 episódios de um podcast, veiculado em parceria com a rádio Unicamp e o grupo de pesquisa de podcasts orientado pela professora Simone Pallone do Labjor, da Unicamp (este mesmo que nós citamos acima, para você se informar caso queira ser jornalista um dia…).

Todos os episódios do podcast Oxigênio, produzidos para a série “Adolescência” vão ficar disponíveis, de graça, aqui, no Spotify.

Na foto, Cristiane e Sabine estão com o professor Marcos e os adolescentes que fizeram parte do projeto Imprensa Jovem na EMEF Joaquim Osório Duque Estrada, localizada na Leste de São Paulo. Neste dia, fizemos uma “roda de conversa” para entregar os gibis impressos da Turma da Jovenilda e ter novas ideias, juntos, para a elaboração de novos quadrinhos.
O resultado, você pode conferir aqui, no nosso terceiro gibi “Conflitos x Acordos”.

Neste processo, após a fase mais complicada da pandemia da Covid-19, tivemos dois encontros presenciais na escola que escolhemos para firmar a parceria para a produção dos quadrinhos.

Novembro de 2022

Primeira “Roda de Conversa” do Projeto Adole-sendo

Fevereiro de 2023

Segunda “Roda de Conversa” do Projeto Adole-sendo

Uso da verba pública

Você pode não saber, mas, em geral, a maior parte do dinheiro usado para executar as pesquisas científicas no Brasil vêm de VERBA PÚBLICA, ou seja, de financiamento de órgãos estaduais ou federais.

Foi o caso do nosso projeto. Todas as pesquisas do Adole-sendo receberam financiamento por meio de agências de pesquisas científicas como FAPESP, CAPES, CNPq e AFIP.

Esse dinheiro tem origem, direta ou indireta, nos impostos pagos por todos os brasileiros! É por isso que a divulgação dos nossos resultados é tão importante. VOCÊ TAMBÉM AJUDOU o projeto a acontecer quando pagou impostos ao comprar as coisas, por exemplo.

Usar esse tipo de verba para financiar pesquisa é investir no conhecimento que pode ser usado para gerar uma vida melhor para a população. Nesse caso, o Projeto Adole-sendo contribuiu para procurar respostas sobre os porquês dos comportamentos típicos da adolescência.

E para que serve isso? Para ajudar a diminuir a vulnerabilidade das pessoas dessa idade.

E tem mais. Os pesquisadores envolvidos foram todos funcionários de universidades públicas (principalmente UNIFESP, USP e UNESP) que são financiadas através de impostos.

Assim, como foi todo mundo que contribuiu financeiramente (pagando impostos) para que as nossas pesquisas acontecessem, é natural que todos, agora, possam ter acesso aos conhecimentos que foram gerados.

Por isso, tentamos por meio deste Portal fazer essa divulgação de várias formas: por meio de histórias em quadrinhos, vídeos e utilizando outras formas possíveis de nos comunicarmos com o nosso público (adolescentes, familiares, educadores e pesquisadores).

Além disso, também mostramos por vídeo o ‘making of” da nossa pesquisa, para que todos possam saber como a ciência funciona.

Entre no nosso canal do Youtube, tem muita coisa legal!!!

Ficou com alguma dúvida ou curiosidade? Você pode saber mais sobre a ciência no Brasil aqui, baixe nosso e-book “Fazendo Ciência no Brasil: um Guia para Estudantes”.

EQUIPE ADOLE-SENDO

Aproveitamos para agradecer todos os brasileiros que, ao pagar impostos, foram os financiadores da nossa pesquisa.

Também agradecemos imensamente as famílias de voluntários e as escolas parceiras que ajudaram a tornar a pesquisa possível.

Para saber mais sobre as nossas pesquisas, acompanhe as nossas redes sociais

A divulgação científica destes trabalhos é apoiada pela FAPESP através do Programa José Reis de Incentivo ao Jornalismo Científico, o Mídia Ciência.

A jornalista Cristiane Paião desenvolveu o projeto “Adolescência e puberdade em pauta: divulgação jornalística das pesquisas realizadas no Projeto Temático “Efeito do desenvolvimento puberal na autorregulação do comportamento e suas relações com as condições de vida atual e pregressa”, sob a orientação da professora Sabine Pompeia.

EQUIPE ADOLE-SENDO

 

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