Mensuração de autorregulação quente

Mensuração de autorregulação quente

31 de março de 2018 Pesquisadores 0

Whiteside e Lynam (2001) propuseram um questionário que permite fracionar a autorregulação quente em um artigo amplamente citado na literatura internacional devido à constatação de sua adequação teórica, alicerçada em achados experimentais. Em sua versão atual, o questionário é chamado UPPS-P, um acrônimo referente aos 5 domínios de autorregulação quente (que os autores denominam de “impulsividade”) por ele mensurado (Negative Urgency, Premeditation, Perseverence, Sensation Seeking, Positive Urgency) que são levemente correlacionados entre si, mas claramente distinguíveis, tanto matemática (ver Whiteside e Lynam, 2001, 2005) como comportamentalmente (ver Cyders et al., 2007; Smith et al., 2007), cada qual com boa consistência interna: 1) Urgência Negativa, a tendência para experimentar fortes impulsos quando em condições de afeto negativo, relacionada positivamente com o consumo de álcool, compulsão alimentar periódica (binge eating), comportamentos antissociais e práticas de jogo de azar (ver Smith et al., 2007); 2) (falta de) Premeditação, a tendência de não refletir sobre as consequências de uma ação, relacionada positivamente a problemas acadêmicos e participação em jogos de azar (ver Smith et al., 2007); 3) (falta de) Perseverança, ou dificuldade de permanecer focado em uma tarefa que seja difícil ou entediante, também relacionada positivamente a problemas acadêmicos e participação em jogos de azar (ver Smith et al., 2007); 4) Busca de Sensações, a tendência de buscar experiências novas e emocionantes, positivamente relacionada ao consumo de álcool e a comportamentos antissociais (Smith et al., 2007), bem como comportamentos arriscados, como esportes radicais (Cyders et al., 2008); e 5) Urgência Positiva, isto é, a tendência de experimentar fortes impulsos quando em condições de afeto positivo, correlacionada, por exemplo, ao abuso de álcool (Cyders et al., 2007) e práticas de jogos de azar (Cyders et al., 2008). Esta escala (sem o último domínio, adicionado por Cyders et al., 2007) foi adaptada para uso no Brasil por Nogueira et al. (2013) e Sedyiama at al. (2017).

Este questionário tem 59 questões, sendo assim, relativamente longo, de certo inapropriado para o uso em jovens, que se cansam e se distraem facilmente. Existem, porém, vários trabalhos que se propuseram a reduzir o número de questões da UPPS-P para facilitar a aplicação. Escolhemos uma versão com 20 perguntas, a SUPPS-P (short UPPS-P) (Cyders et al., 2014).

A SUPPS-P mostrou ter consistência interna semelhantes à escala original, pequena perda de variância compartilhada (de 0 a 6% de redução) e ganho substancial do tempo para preenchimento (ver Cyders et al., 2014), o que torna esta versão adequada para estudos em populações jovens, que podem se recusar a responder questionários longos e, se não o fizerem, podem se cansar ou desistir de fazê-lo, comprometendo a qualidade dos dados obtidos.

A versão de 20 itens, traduzida/adaptada para o português, foi considerada adequada para uso local em adolescentes e adultos, pois essa escala mostrou-se psicometricamente adequada (Pompeia et al, 2018) em um estudo que fez parte do Projeto Adole-sendo.

Se quiser ver a escala em português, clique aqui. Demais escalas e testes desenvolvidas por nosso projeto podem ser vistos aqui.

E escala UPPS-P completa, com todos os itens originais, também foi considerada adequada para a nossa população em artigo publicado posteriormente (Pinto et al., 2021).

Referências bibliográficas

Cyders, M. A. (2013). Impulsivity and the sexes measurement and structural invariance of the UPPS-P impulsive behavior scale. Assessment, 20(1), 86-97.

Cyders, M. A., & Smith, G. T. (2007). Mood-based rash action and its components: Positive and negative urgency. Personality and Individual Differences, 43(4), 839-850.

Cyders, M. A., & Smith, G. T. (2008). Clarifying the role of personality dispositions in risk for increased gambling behavior. Personality and individual differences, 45(6), 503-508.

Cyders, M. A., Littlefield A. K., Coffey S., Karyadi K. A. (2014). Examination of a short English version of the UPPS-P Impulsive Behavior Scale. Addictive Behaviors, 39(9): 1372-1376.

Nogueira CYS, Carvalho AM, Gauer G, Tavares N, Santos RMM, Ginani G, Rivero TS, Moraes PHP, Whiteside SPH, Malloy-Diniz LF (2013) Translation and Adaptation of Impulsive Behavior Scale (UPPS) to the Brazilian Population. Clinical Neuropsychiatry, 10(2), 79-85.

Sediyama, C. Y., Moura, R., Garcia, M. S., da Silva, A. G., Soraggi, C., Neves, F. S., … & Malloy-Diniz, L. F. (2017). Factor Analysis of the Brazilian Version of UPPS Impulsive Behavior Scale. Frontiers in psychology8, 622.

Smith G. T., Fischer S, Cyders M. A., Annus A. M., Spillane N. S., McCarthy D.M. (2007) On the Validity and Utility of Discriminating Among Impulsivity-Like Traits. Assessment, 14(2), 155-170.

Pinto, A. L. D. C. B., Garcia, M. S., Godoy, V. P., Loureiro, F. F., da Silva, A. G., & Malloy-Diniz, L. F. (2021). Psychometric properties and normative data of the Brazilian version of UPPS-P Impulsive Behavior Scale. Current Research in Behavioral Sciences2, 100052.

Pompeia, S., Inacio, L. M., De Freitas, R. S., Zanini, G. V., Malloy-Diniz, L., & Cogo-Moreira, H. (2018). Psychometric properties of a short version of the impulsiveness questionnaire UPPS-P in a Brazilian adult sample: invariance for effects of age, sex and socioeconomic status and subscales viability. Frontiers in Psychology9, 1059.

Para baixar o questionário de 20 itens em português: SUPPS_P

Whiteshide, S.P., Lynam, D.R. (2001) The five factor model and impulsivity: Using a structural model of personality to understand impulsivity. Personality and individual differences, 30(4), 669-689.

Whiteside, S. P., Lynam, D. R., Miller, J. D., & Reynolds, S. K. (2005). Validation of the UPPS impulsive behaviour scale: a four‐factor model of impulsivity. European Journal of Personality, 19(7), 559-574.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.