O Ministério da Saúde, que segue a convenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a adolescência o período de vida compreendido entre 10 e 20 anos, uma época de grande vulnerabilidade a diversos desfechos negativos como problemas de saúde mental e acidentes. Isso decorre de vários fatores, incluindo mudanças cerebrais que influenciam o comportamento, isto é, a forma com que as pessoas percebem o mundo, pensam, se sentem e agem.
Contudo, a trajetória deste desenvolvimento comportamental pode variar muito de um adolescente para o outro, pois ele é parcialmente decorrente do amadurecimento puberal (maturação sexual) que ocorre nessa fase e que é muito variável entre indivíduos e sexos. Além disso, aspectos genéticos, socioeconômicos e a estimulação cognitiva à qual cada indivíduo é exposto também têm influência no cérebro e nos comportamentos.
O Projeto Adole-sendo foca na maturação comportamental no início da adolescência (fase em que ocorre a transição puberal) e investiga como essa maturação se relacionam com a fatores bio-psico-sociais (desenvolvimento puberal, estresse, saúde, ambiente, entre outros), ou seja, saúde física/mental e aspectos da vida pregressa.
Tivemos um olhar especial para mudanças na autorregulação comportamental, associada a alterações de regiões frontais do cérebro, que são as últimas a amadurecerem.
A autorregulação comportamental nessa faixa etária é de grande interesse porque está associada a características pessoais e sociais na idade adulta e senescência, como saúde física e mental, nível socioeconômico, sucesso acadêmico e profissional, dependência a substâncias químicas, entre outras.
Esse foco em autorregulação de comportamento deriva dos seguintes fatos. Por um lado, as alterações neurais na adolescência são associadas a uma maior plasticidade neuronal, essencial para que sejam incorporadas experiências que são necessárias para que os adolescentes se tornem adultos independentes e prontos a encarar os desafios da vida.
Por outro lado, essas alterações têm o potencial de deixar marcas estruturais e funcionais persistentes caso jovens experienciem condições adversas. Isso, aliada à falta de experiência, faz com que o início da adolescência (até cerca de 16 anos), foco do presente estudo, seja uma fase chave para intervenções que têm o potencial de maximizar o desenvolvimento pleno dos indivíduos.
As publicações científicas e produtos de divulgação científica produzidos por esse projeto podem também ser encontrados nesse Portal, além de informações para pesquisadores interessados em adolescência.